Acupuntura
e a Medicina Tradicional Japonesa
Historia e desenvolvimento da
Acupuntura no Japão
A acupuntura surgiu na
China cerca de 3000 anos atrás, no período da Dinastia Shang, e se desenvolveu
juntamente com os vários ramos que compõem a medicina tradicional chinesa, como
a herbologia, a moxabustão, a terapia alimentar, as massagens e os exercícios
físico-energéticos do Chikung. Toda
medicina antiga da China era pautada e elaborada dentro desses vários sistemas
responsáveis pela manutenção da saúde e pela longevidade deste povo.
Para que a medicina
chinesa chegasse e se desenvolvesse no Japão, um longo processo de intercambio
cultural, educacional, econômico e religioso perdurou por vários séculos. Como
bem se sabe, o Japão importou, tanto da China quanto da Coreia, todas as bases
que formaram os alicerces socioculturais e filosofico-educacionais de seu povo,
inicialmente incorporando à sua cultura desde as escritas pictográficas dos kanjis, as religiões budistas, taoístas e
os conceitos filosóficos e espirituais do confucionismo, até os sistemas médicos oriundos da China.
Da antiguidade até os
dias atuais, os japonesas mostraram-se especialistas em aprimorar e desenvolver
todo e qualquer conhecimento adquirido e importado de outra cultura. Na acupuntura,
isto não se fez diferente e, ao longo dos séculos, os japoneses aprimoraram
este conhecimento até desenvolverem sua medicina tradicional própria e em um
sistema bem refinado e particular de
acupuntura.
Existem aspectos socioculturais e econômicos
que diferem de forma marcante tanto o desenvolvimento quanto o estilo de ambos os
sistemas de acupuntura. Ao contrario da China, que teve a acupuntura associada
especialmente à herbologia e a padronizou como parte integrante do estado, disponibilizando
seu acesso à população de massa, o Japão manteve sempre uma íntima relação da
acupuntura com a massagem e sua atuação sempre foi voltada para o âmbito
privado. Diante desses aspectos, subentende-se que no Japão a prática da
acupuntura tomou um rumo bem peculiar, pois, tendo em vista o ganho monetário, o
praticante japonês se viu naturalmente pressionado a desenvolver uma técnica
altamente refinada e indolor e que produzisse resultados imediatos, ,para que
cada centavo pago por ela fosse altamente valorizado pelos adeptos dessa arte
de cura.
Outro aspecto que
difere claramente a prática chinesa da japonesa, refere-se ao âmbito da
diagnose, tanto nas técnicas empregadas, quanto no próprio material utilizado
nas praticas da acupuntura. Considerando que a arte Japonesa se desenvolveu e
se adequou para praticantes com deficiência visual, foi dado um grande enfoque
na palpação para o diagnóstico, desenvolvendo no praticante japonês uma
sensibilidade tátil especial na localização de pontos, meridianos e na
pulsologia, além do diagnóstico do hara,
que caracteriza uma das especialidades do acupuntor japonês; enquanto que no
estilo chinês prevalece o interrogatório que, em alguns estilos, associa-se
também com a pulsologia e a análise da língua.
No que diz respeito às agulhas,
há uma grande disparidade entre os estilos, pois os chineses preferem agulhas
maiores e de calibre mais espesso, os japoneses, no entanto, fazem uso de
agulhas muito delgadas que são inseridas obrigatoriamente com mandril (shinkan), de maneira muito superficial e
com estímulo muito suave, uma vez que o estilo japonês busca atuar sobre o Wei chi (energia defensiva), enquanto
que nas técnicas chinesas a estimulação é mais forte e profunda produzindo o
que é conhecido como techi, visando
atingir o Yong chi (energia
nutridora).
Outro aspecto marcante
da acupuntura nipônica é o uso bem particular da moxabustão como parte
integrante e complementar do tratamento da acupuntura. Essa forma japonesa de
utilização da moxaterapia é um prática muito antiga que teve seu conhecimento
perdido na China e chegou ao Japão através da Coreia, tornando-se uma arte muito
popular no país do sol nascente. Conhecida formalmente no Japão por ÔKyu, esse estilo é muito forte e clássico
no país, que já teve grandes mestres ao longo da história, como Sawada Ken e
Isaburo Fukaya, dois grandes especialistas na moxaterapia japonesa. Essa arte
faz uso de pequenos cones da moxa amarela de forma direta e indireta na pele em
pontos clássicos da acupuntura ou em pontos não convencionais.
Por volta do século VII,
o governo japonês estabeleceu contato direto com a China, enviando para a capital
chinesa vários sacerdotes e eruditos para estudarem, traduzirem e copilarem varias
fontes da cultura chinesa, dentre elas os principais textos médicos.
Em 701, houve a
promulgação do código Taihõ, que estabeleceu o primeiro sistema legal no Japão
voltado para os assuntos médicos, o Ishitsuryo, que se aplicava à pratica e ao
ensino medico no Japão, dando origem ao Tenyaku-ryo, o antigo ministério da
saúde, trabalho e bem estar, responsável por criar o departamento oficial de
acupuntura e moxabustão, outorgando os três graus de professor, terapeuta e
estudante de acupuntura. No período Nara subsequente, todos os aspectos da
medicina oriental foram estudados e praticados assiduamente, dando o ponta-pé
inicial para a profissionalização e qualificação da acupuntura no Japão que, em
períodos precedentes, mantinha um estreita relação com a religião, pois grande
parte desse conhecimento ainda estava muito atrelada aos monges budistas que
praticavam tanto a acupuntura quanto a medicina herbária do kampo e foram os primeiros a difundir essas
artes no Japão. Com a instituição do código Taihõ e a formalização da profissão
e do ensino da acupuntura, o número de monges terapeutas tornou-se cada vez
menor.
A formalização da
Medicina Tradicional Japonesa
Até o inicio do século X (período Heian), o sistema médico praticado no Japão nada mais era que uma imitação do sistema médico chinês. Nessa época, os médicos japoneses tomaram a iniciativa de compilar suas próprias farmacopeias, e, em 984 dC, Yasuyori Tamba compilou o Ishimpô, o primeiro tratado e o mais antigo livro de medicina existente no Japão, com 30 volumes de citações de numerosos textos médicos chineses. O Ishimpô tornou-se um texto definitivo, no qual se podia rastrear todas as raízes da medicina japonesa até a medicina chinesa. Nele foram compiladas citações sistemáticas de vários textos clássicos chineses de mais de 200 títulos que envolviam não somente medicina, mas também história e aspectos filosóficos e espirituais do Tao, confucionismo e budismo . Muitas dessas citações estavam perdidas na própria China. Isso fez do Ishimpô uma das mais importantes fontes para o estudo da medicina chinesa antiga, pois Tamba não copiou simplesmente os textos originais, mas traçou uma visão particular dos textos antigos, por exemplo sobre a definição de energia espiritual como sendo superior à energia do corpo. Isso permitiu edificar na visão posterior da acupuntura japonesa que o processo de adoecimento acontece inicialmente no nível espiritual, passando para o energético (canais de energia), para aí culminar no físico, por meio das inúmeras patologias e sintomatologias, visão superior à chinesa que focaliza tão somente entre os níveis energético e físico e é obscurecida nos padrões das síndromes.
Já em meados do século
XII, o Japão passou por um período de transição, em que o controle da família
imperial caiu novamente e se estabeleceram novas relações comerciais com a
China após os três séculos de relativo isolamento; com isso, novas ideias médicas
adentraram o Japão. Durante este período de tumulto político no Japão medieval,
o poder e o controle dos médicos sofrerem um drástica queda, fazendo com que os
monges budistas novamente voltassem a
exercer um papel de destaque na importação do conhecimento médico chinês e
adaptação de novos conceitos, bem como a retomada da sua atuação como
terapeutas e acupuntores, difundindo os cuidados médicos entre a população em
geral nessa mesma época, a prática da moxabustão tornou-se bastante difundida, sobretudo
através entre os inúmeros tratamentos oferecidos dentro dos templos budistas,
como parte da pratica religiosa.
As primeiras escolas de
medicina tradicional japonesa
No final do século XVI, em meio uma crise política
e social que precedeu a unificação do Japão, muitos textos clássicos foram
importados e traduzidos para o japonês. Nesse período, um médico se destacou
entre os demais: seu nome era Manase Dosan (1507-1594) e, apesar de destacado
fitoterapeuta da arte médica do kampô,
cuja medicina herbária havia roubado o terreno da acupuntura, paradoxalmente
foi o grande responsável pela revivificação dessa técnica.
Acupunturista e moxaterapeuta no estilo japonês
Waichi
Sugyama e a invenção do mandril
Yoshio Manaka foi um grande
médico japonês do séc. XX, graduado pela Kyoto
Imperial University Medical School e PhD pela Kyoto Imperial University Medical
School. Manaka também era poeta, escritor, artista e pesquisador; um mediador
cultural entre a China e Japão. Cirurgião do Exercito Japonês, responsável por
tratar com a acupuntura inúmeros soldados feridos, Manaka atuou como
pesquisador da acupuntura e sistematizou um novo mapa dos pontos de alarme (Boketsu) na década de 70. Esteve sempre
envolvido com inúmeras pesquisas comprobatórias do fenômeno de óxido-redução
nos pontos de acupuntura. Também é reconhecido pela criação dos fios magnéticos
de Ion Pumping, que permite o fluxo de elétrons em um único sentido, tendo por
objetivo criar uma espécie de ponte de transferência de energia a partir da
polaridade contrária, positivo e negativo, transferindo os íons positivos
para lugares saudáveis.
No Japão existe um estilo próprio voltado quase que exclusivamente para o tratamento de crianças. Esse método é conhecido por "shonishin", palavra que vem do chinês "Erzhen" e significa "agulha ou agulhamento de crianças". Esse sistema surgiu durante o período Edo (do século XVII ao século XIX) e se popularizou na era Showa em meados do século XX.
O que podemos
considerar como japonização da medicina tradicional chinesa ocorreu entre os séculos
XIV, período Muromachi, e o século XVII, período Edo Esse processo foi
favorecido pelo retorno dos mestres Sanki Tashiro ao Japão, trazendo consigo o
que era considerada a medicina mais avançada da China: Jin Yuan ou Li Zhu. Seu
principal discípulo foi Dosan Manase, que tornou-se o responsável por
estabelecer as bases para escola Gosei ou Goseihoha de Acupuntura.
Entre os séculos XVI e
XVII, juntamente com a escola Gosei de Manase, floresceram mais duas novas e
diferentes abordagens da medicina no Japão: as escolas Koho e Rampo.A escola Koho ou Kohoha, conhecida como escola das fórmulas clássicas, surgiu no
final do século XVII (período Edo), e foi essencial para a aceleração da
japonização da medicina chinesa, pois foi inspirada pela revivificação dos conceitos
médicos da discussão de desordens
induzidas por frio, eliminando as teorias especulativas da escola Gosei. A escola Koho defendia o retorno às teorias práticas da medicina chinesa. Foi
nessa escola que se defendeu a teoria de kiketsusui (energia vital, sangue e
fluidos corporais), trazendo a ideia inicial das toxinas doku (venenos) e Oketsu (sangue
estagnado) na área abdominal do hara,
estabelecendo um método inovador de diagnóstico abdominal: o Fukushin.
Já a escola Rampo
surgiu entre médicos japoneses influenciados pela medicina ocidental trazida
por jesuítas holandeses através do intercâmbio comercial e religioso entre esses
dois países após os trezentos anos de isolamento do Japão.
POR VALÉRIO LIMA
Os principais estilos da Acupuntura
Japonesa
Temos
em Sugyama uma linha divisória, um
marco na acupuntura do Japão, pois ele é o grande responsável pela criação do
tubo-guia ou mandril, conhecido no Japão por Shinkan, bem como reconhecido pela criação das quatorze técnicas
secretas de manipulação e estimulo através do uso do mandril.
Wachi
Sugyama era cego e descendia de uma família de samurais do clã Uemon. Naquela
época no Japão os cegos só tinham duas formas de ganhar a vida: como
praticantes da massagem tradicional japonesa (Anma) ou acupunturistas. Sugyama
optou por se tornar acupuntor e foi estudar em uma escola tradicional da época
do estilo Yamase. No entanto, após alguns anos de estudo, foi desencorajado
pelo próprio mestre do estilo, que afirmou que ele jamais conseguiria se tornar
um bom acupunturista, pois não havia desenvolvido a habilidade de inserir a
agulha de forma indolor. Após esse acontecimento, Sugyama resolveu empreender em
um retiro na caverna de Benzaiten munakata, a equivalente no Japão à Deusa
hindu da sabedoria Sarasvati, buscando a iluminação e inspiração espiritual
para sua vida. Após 21 dias de jejum e recitação de mantras para Benzaiten,
Sugyama saiu da caverna sem ter recebido a inspiração que tanto buscava, mas ao
deixar a caverna, tropeçou em uma grande pedra e ao cair teve seu pé perfurado
por uma farpa de pinho. Sem conseguir extrair o espinho do pé, ao tatear o chão
encontrou um pequeno tubo de bambu, que utilizou contra a pele extraindo por
dentro do tubo a farpa do espinho de forma completamente indolor. Após essa experiência
teve a inspiração de criar o tubo guia para a condução da agulha de forma
indolor, criando seu próprio estilo que revolucionou a acupuntura no Japão,
abrindo caminho para a abertura de mais de 45 escolas de acupuntura voltadas
para deficientes visuais. Sugyama foi um dos grandes responsáveis pela
popularização da acupuntura e moxabustão no Japão, pois consegui o patrocínio e
apoio do governo.
O
estilo Dashin de acupuntura abdominal
Foi
também durante e após o período Edo que se desenvolveram inúmeros estilos de
acupuntura, pois, foi a partir dessa época que foram introduzidas, pela
primeira vez no Japão, as agulhas de prata e ouro, favorecendo a criação de vários
estilos como o da escola Dashin, criada por Mubunsai, monge zen budista do séc.
XVII, responsável pela criação de um sistema totalmente não invasivo, aplicado
somente na área do abdôme (hara)
através de agulhas espessas, tanto de
prata quanto de ouro, com a ponta abaulada e estimulada por leves batidas de um
pequeno martelo de madeira de formato chato sobre as áreas reflexas dos órgãos
no abdômen, com o objetivo de expurgar do corpo tanto os Dokus (venenos,toxinas), como o Oketsu
(sangue estagnado nos grandes órgãos). Ambos são os principais responsáveis
pelo bloqueio de Ki quanto de sangue, na região do hara, considerada pelos japoneses a principal sede ou centro vital
do corpo. Isai Misono, Filho de Mubun e acupunturista da corte do Shogun, foi
quem difundiu e ensinou a arte secreta do Mubun
Dashin.
O
clássico Shindo Hiketsu Shu (Compilação de acupuntura secreta) descreve as
principais características e formas de tratamento através do estilo de Mubun, que promove um estímulo muito
peculiar através do movimento de ondas (hado)
emitido pela vibração da batida do martelo nas agulhas de prata ou de ouro.
Sawada
Ken (1877 / 1938) - E o estilo não universitário de acupuntura
Sawada foi um dos mais famosos e eminentes
mestres Hari e kyu do período Meiji no Japão, estudante de Taijutsu, uma antiga
arte samurai e de seitai: a arte japonesa de alinhamento osteo-articular. Aperfeiçoou
e desenvolveu grande parte de seus estudos no longo período que viveu na
Coreia. Sawada pertenceu á famosa classe de estilo de acupuntura não universitário
que via na prática a maior aliada ao desenvolvimento e aprimoramento da
acupuntura. Seu estilo não priorizava os pontos tradicionais da acupuntura, mas,
sim, os pontos vivos e pessoais do pacientes, pontos estes que mantinham uma
relação intrínseca não só com o sintoma apresentado pelo paciente, mas, a
priori, com a raiz original da doença. Esses pontos, segundo ele, eram
diferentes e únicos em cada paciente e cabia ao acupunturista e moxoterapeuta localizá-los
através de técnicas especificas de palpação, sobretudo na região do hara e das costas, principalmente aqueles
pontos que se apresentavam endurecidos (koris)
e sensíveis á palpação em geral. Sawada fazia uso da técnica de uma única
agulha (ippon hari), estimulando a
superficialização da energia Jaki (energia
perversa, maléfica), para depois eliminá-la do corpo através da queima de moxa nesses
pontos que, em geral, após a inserção superficial da agulha, apresentavam-se
avermelhados nas área entorno da agulha. Sawada ficou muito famoso no Japão e,
pelo que consta, ele atendia quase 100 pacientes por dia e em sua maioria conseguia
resultados expressivos em seus tratamentos. Com o passar dos anos ele voltou às
agulhas.
Fukaya (1901 – 1974) - O Grande Mestre da
Moxaterapia no Japão
Isaburo
Fukaya nasceu em Tóquio em 1901 e, até os dias atuais, é considerado um dos
maiores mestres de moxa (ôkyu) no
Japão. Sua história de vida é muito curiosa, pois, quando estudava direito na
universidade Nippon Nichidai e se preparava para tornar-se monge budista,
contraiu uma grave doença que o impossibilitou de continuar seus estudos e o
deixou acamado por cinco anos. Inconformado, buscou o tratamento de moxaterapia
e curou-se completamente, fazendo com que se sentisse renascido. A partir daí resolveu
devotar-se ao estudo e prática da moxaterapia, criando um estilo próprio de
ensino e tratamento, através da moxa (Artemísia
vulgaris). Seu estilo, assim como o de Sawada, preconizava a localização e
tratamento através dos famosos pontos vivos ou operantes, descobertos por meio de
um minucioso exame palpatório em cada um dos pacientes. A sua grande inovação
foi a utilização de um tubo de bambu oco com a abertura em um dos lados, para
que, quando pressionado ao término da queima da moxa, aproximadamente a 1mm da
pele, promovesse não só a interrupção da queima dos cones de moxa antes que esses
atingissem a pele produzindo bolhas, mas também produzisse um efeito único de
penetração do calor nos pontos e meridianos.
Manaka
(1911-1989) - E as pesquisas científicas da acupuntura
Japonesa
Estilo Akabane- Hinaishin e
Kyutoshin
Kobei Akabane foi um grande acupuntor, moxaterapeuta
e pesquisador da acupuntura japonesa. Sua grande contribuição se deu em 1952,
quando, ao tratar um paciente de mesmo nome (Akabane), que era portador de
diabetes, optou por tratar os pontos insensíveis nos pés com moxa (kyu), os famosos pontos Seiketsu, localizados nos cantos
ungueais dos dedos. Ao dar continuidade ao tratamento, ele percebeu a melhora
drástica em seu paciente. Com isso, resolveu direcionar sua pesquisa aos pontos
seiketsu. A partir das experiências com
esses pontos, Akabane percebeu que
poderia avaliar os meridianos através da sensibilidade ao calor nos pontos seiketsu. Suas pesquisas apontaram para
a energia maléfica Jaki, sobretudo aquela proveniente do frio e do
vento, como sendo a principal responsável pelo desequilíbrio e alterações
energéticas nos meridianos. Através desses estudos, Akabane resolveu utilizar
pequenas agulhas hipodérmicas(Hinaishin)
de forma subcutânea com o objetivo de estimular o corpo a expurgar a energia Jaki para fora do organismo e dos
meridianos, fazendo com que o fluxo energético dos meridianos se restabelecesse. Segundo
a lei de Osamu presente no Nanjing, a presença da energia Jaki pode ser percebida através da vermelhidão formada ao redor da
agulha.
A utilização das agulhas hinaishin de forma subcutânea é
completamente indolor e, em geral, é associada também por Akabane ao Kyutoshin.Kyu
significa moxa, Shin, agulha e
To, ponta; literalmente, a palavra kyutoshin significa moxa fixada no cabo
da agulha. Associada com o Hinaishin,
esse método é muitíssimo eficaz no tratamento de inúmeras doenças e dores
crônicas.
Estilo Nagano- A combinação da
medicina oriental com a fisiologia ocidental.
Kyoshi Nagano foi um dos grandes mestres da
acupuntura japonesa. Deficiente visual assim com Sugiyama, Nagano formou-se
como fisioterapeuta e acupunturista pela escola especializada em deficientes
visuais de Oita no Japão.
Desenvolveu uma nova abordagem para a acupuntura Japonesa ao combinar os princípios
tradicionais com a visão da fisiologia ocidental e a teoria do estresse do Dr.
Hans Seyle.
O estilo de acupuntura japonesa desenvolvido por
Nagano tornou-se um sistema completo, pois, além de abordar aspectos
tradicionais da acupuntura assim como a utilização dos pontos dos cinco
elementos, ele desenvolveu também uma abordagem própria de diagnóstico pelo hara.
Nagano utilizou uma visão e uma linguagem acessíveis
ao mundo ocidental, por meio de seus estudos sobre o sistema nervoso autônomo, o
sistema hormonal e o sistema imunológico. Além de seus tratamentos específicos
do Inoki (sistema digestório), da
desintoxicação hepática e sanguínea (oketsu),
Nagano desenvolveu inúmeros protocolos de tratamento combinando os conceitos da
medicina oriental com a ocidental, atuando sobre desde a parte estrutural do
corpo como coluna, quadril e pescoço, até os aspectos mais sutis da medicina
oriental, assim como o seu tratamento tradicional de água e metal.
O método
Nagano tornou-se famoso pelo seu rápido efeito terapêutico na clínica diária,
pois alivia instantaneamente os sintomas enquanto equilibra os meridianos
através dos tradicionais pontos dos cinco elementos.
Estilo Tadashi Irie- E acupuntura não invasiva
Tadashi Irie foi um famoso acupunturista e farmacêutico
da década de 70, um dos primeiros alunos do dr. Yoshio Manaka e um dos continuadores
de seu trabalho, pois foi através dos fundamentos de Manaka e da utilização dos
fios de Ion pumping que Tadashi Irie desenvolveu seu método de tratamento
voltado para os meridianos distintos e meridianos tendino musculares.
Após anos de
pesquisa, o Dr. Tadashi Irie desenvolveu um sistema próprio, o qual utilizava o
Irie Finger Test, um método similar o teste bidigital O-ring test de Yoshiaki
Omura para encontrar pontos pessoais do
paciente e diagnose do pulso e de pontos de alarme assim como pontos do abdome
(Hara). No caso do método
desenvolvido por Tadashi, coloca-se o dedo indicador de uma mão no ponto ou
área a ser testado, enquanto o dedo indicador da outra mão é esfregado sobre a
parte superior do dedo adjacente. Uma experiência de resistência adesiva
entre o polegar e o dedo indicador é um reflexo de que a área que está sendo testada
está doente.
Com o tratamento dos meridianos distintos, o dr.
Tadashi tratava tanto com os Fios de Ion pumping, quanto com pequenas tachinhas
metálicas com esparadrapo e papel de alumínio como eletrodos. Existe também o
tratamento através de agulhas inseridas superficialmente na pele, no entanto,
este método tem sido substituído pelas formais menos invasivas.
A outra forma de trabalho do Dr. Irie está focada nos meridianos tedino-
musculares, através do uso da agulha de contato aquecida para tratar pontos de
dor ou sintomas. Esse método foi desenvolvido inicialmente pelo Dr. Hirata através
do nome Nesshin Shigeki Ryoho, em 1930, que utilizava a aplicação
de calor para tratar várias doenças nas chamadas 12 bandas do corpo ou zonas de
Hirata. Existem varias formas de aquecer a agulha de contato, inicialmente isso
era feito com uma vela e posteriormente foi desenvolvido um aparelho elétrico
de emissão de calor em hastes metálicas tipo um ferro de solda. Essa agulha
utilizada pelo Dr. Irie é conhecida por Nesshin
ou terapia de agulha quente.Nesshin 热针" (Ne como calor = Netsu 热, shin =
agulha 针) é um dos estilos japoneses de terapia de meridianos através de uma
forma de manuseio de uma haste de metal quente para estimular delicadamente
meridianos e áreas do corpo. Ela foi desenvolvido pela acupunturista
Yokoyama. A técnica é baseada na agulha Irie aquecida para tratar
Meridianos tendino-musculares segundo Tadashi Irie.Seu sistema é muito
difundido tanto dentro quanto fora do Japão.
Keiraku Chiryo - A terapia de meridiano
e sua abordagem neoclássica da acupuntura.
A Terapia de Meridiano é fruto do espírito
nacionalista do povo japonês e de sua constante busca pela perfeição e
aprimoramento. A terapia de meridiano desenvolveu-se no inicio da década de
20, tendo como líder Yanagiya Sorei, um jovem e genial acupunturista, que
defendia o estudo sistemático dos clássicos que já aos 16 anos entrou para a primeira
escola de acupuntura para aqueles que possuíam o sentido da visão, pois, até
então, as escolas de acupuntura eram exclusivas para os cegos. Ele devotou-se
ao estudo integral desta arte adquirindo ainda bem jovem sua licença para
praticar acupuntura, tornando-se um dos grandes pesquisadores da época através
de uma nova abordagem da acupuntura baseada na compreensão dos clássicos,
dentre eles o Nanjing (o clássico das dificuldades).
Iniciando em 1927 sua própria escola de acupuntura e
reunido vários adeptos para o seu ideal, dando origem ao que ficou conhecido
como Keiraku Chiryo(Terapia de meridiano).
Ao se graduar em Filosofia Oriental Sorei, tornou-se
ainda mais fixo em seus estudo e ideais e junto com Okabe Fukuji um de seus
primeiros alunos e Takeyama Shinichiro um Jornalista de um renomado jornal de
Osaka e Inou formaram em 1939 um sociedade voltada para o estudo intensivo dos
clássicos da acupuntura. Através do estudo dos clássicos a terapia de meridiano
passou a desenvolver um maneira sistemática de tratamento e diagnostico.
Trazendo um grande respaldo para acupuntura praticada no Japão, tornando-se até
os dias de hoje um dos estilos mais praticados dentro e fora do Japão.
Toyohari- E o refinamento da
Terapia de Meridiano
O estilo Toyohari foi desenvolvido pelo mestre Kodo
Fukushima que tornou-se deficiente visual após servir nas forças armadas e
tornou-se acupunturista e dedicou-se a estudar o estilo clássico das escola
Keiraku Chiryo,a partir daí desenvolvendo um estilo próprio de acupuntura.
A palavra Toyohari pode ser traduzida por terapia de
agulha do leste asiático . Este método faz parte de um refinamento de 2.000
anos de tradição da acupuntura
focalizada nos meridiano e nas teorias clássicas da Ásia oriental.
Muitas interpretações e abordagens de acupuntura
foram derivadas dos primeiros textos chineses, entre eles (no Japão) Keiraku
Chiryo ou "Terapia de Meridiano", que é uma abordagem centrada especialmente na teoria das cinco
fases originalmente descrita no Nanjing.
O Sistema Hari - O retorno á abordagem
espiritual da acupuntura
O sistema Hari é fruto de anos de estudo e pesquisa
do Mestre Koei Kuwahara, no campo da Terapia de meridiano, Aikidô, chikung
medicinal, Kototama, Okidô e anos a fio de estudo da acupuntura com renomados
mestres como: Kodo Fukushima, Ikeda, Shudo Denmei, Tanyoka, dentre outros. Com uma
experiência de mais de 30 anos voltados para o Aikido e anos de prática e
estudo da acupuntura ao lado de grandes mestres com Kodo Fukushima, com quem Kuwahara
sensei estudou por os 15 anos. Este longos anos de estudo e prática deram ao
sensei Kuwahara experiência e conhecimentos suficientes para desenvolver um
estilo próprio de acupuntura.
O sistema Hari
é fruto desta vasta experiência e estudo por parte do sensei Kuwahara. As bases
deste sistema estão alicerçadas na
acupuntura clássica da terapia de meridiano e no sistema Toyohari; no entanto, o poder deste estilo de acupuntura emerge da
combinação das práticas e posturas corporais advindas do Akidô e do poder
espiritual do kototama.
Na prática da acupuntura Hari, sua atuação vai além do físico e energético e atinge o campo
espiritual do individuo que está sendo tratado. Segundo o sensei Koei Kuwahara, o sistema Hari faz parte de um retorno à acupuntura
original, que era considerada antes de tudo um tratamento espiritual, pois,
segundo ele, adoecemos inicialmente no campo espiritual e a ressonância deste
reflete nos demais campos, como o energético, afetando os meridianos, e
posteriormente atingindo o corpo físico. Assim como o estilo Keiraku Chiryo e Toyohari, o sistema
Hari enfatiza o tratamento de raiz,
em detrimento ao tratamento sintomático.
Tendo como principal técnica o método de tonificação
Ho Ho, através de uma finíssima
agulha de prata conhecida por ute te
ou agulha Inoue. A sua principal característica
é possuir a ponta arredondada como a de um polegar, o que faz com que ela não
seja inserida na pele. Com isso, o praticante Hari toca suavemente essa agulha
na pele, canalizando através de Kototama
as vibrações adequadas que iram modificar o estado espiritual e energético do
paciente.
O Mestre Koei Kuwahara atualmente está radicado na
cidade de Boston- EUA, onde possui sua clinica particular e sua escola de acupuntura.
Shonishin - A acupuntura pediátrica
japonesa
No Japão existe um estilo próprio voltado quase que exclusivamente para o tratamento de crianças. Esse método é conhecido por "shonishin", palavra que vem do chinês "Erzhen" e significa "agulha ou agulhamento de crianças". Esse sistema surgiu durante o período Edo (do século XVII ao século XIX) e se popularizou na era Showa em meados do século XX.
O método consiste em uma forma especializada de
acupuntura que faz uso de instrumentos e agulhas metálicas, que, em geral, são
deslizados de forma suave e superficial sobre a pele da criança ou bebê, com o
intuito de regular e promover o livre fluxo de Ki nos meridianos do corpo da
criança. Enquanto que a acupuntura realizada em adultos envolve a inserção de
agulhas, o shonishin é uma forma
completamente não invasiva de acupuntura, que utiliza várias agulhas e
instrumentos dos mais diferentes formatos e tamanhos somente sobre a pele do
bebê.
Segundo inúmeros relatos, a prática regular do shonishin ajuda a promover e manter tanto
a saúde física como mental da criança, tornando-as mais fortes e tranquilas, auxiliando
inclusive em seu crescimento e desenvolvimento.
Por Valério Lima
Acupunturista e Moxaterapeuta no estilo japonês de Acupuntura
OBS: Parte desta pesquisa possui sua fonte nos textos do Professor Antônio Augusto Cunha.
Por Valério Lima
Acupunturista e Moxaterapeuta no estilo japonês de Acupuntura
OBS: Parte desta pesquisa possui sua fonte nos textos do Professor Antônio Augusto Cunha.
Olá, como está? Gostaria de saber se sabem onde posso comprar Agulha de Contato?
ResponderExcluirEmail: jadsonp@centershop.com.br
texto muito explicativo, otimo, simples e claro.
ResponderExcluirObrigado pelo texto...
ResponderExcluirMoro ha 20 anos no Japão, nunca ouvi falar de acupuntura para crianças.Moro em Tokyo. No Japão tudo é muito fechado...E imagino que o hoken não cobre....
ResponderExcluirEncontrei um médico de Medicina Interna que trabalha com Bio-energia.E somente em segredo, ele atende meu filho... Aquelas injeções que tínhamos no Brasil, pra gripe, de eucalipto,etc...são poucos os médicos que administram, só se pedir e o doutor for favorável, caso contrário, mentem que não existem!